Nessa manhã, eu saí do corpo de Izidine Naíta. Rastreava assim minha própria matéria no mundo, fantasma visível só pela frente. A luz imensa me invadiu assim que me desencorpei do polícia. Primeiro, tudo cintilou em milibrilhos. A claridade, aos poucos, se educou. Olhei o mundo, tudo em volta se inaugurava. E murmurei, com a voz já encharcada:
- É a terra, a minha terra!
Mia Couto nasceu na Beira, Moçambique, em 1985.
8ª edição - 2010
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